terça-feira, 23 de setembro de 2008

Enfim...sol. Depois de tanto tempo frio e chuva. Cama desfeita e roupa suja. Siso e promessas de extração. Leitura acumulada e muito filme em dvd. Grito de E.Ts na escola ao lado. Receio que no fundo aquilo não seja uma escola. São crianças abduzidas em campo de concentração. Elas gritam. Acordo antes das oito. Sei que horas são. Elas não estão gritando. Elas ainda não estão lá. Acordo as dez da manhã. Já é tarde. Gabriel grita. Eles estão lá. Serezinhos verdes.Enfim..sol. Coloco dois despertadores para me acordar. Se um falhar o outro funciona. Sim. Tenho T.O.C. Um despertador me acorda as oito, enquanto o outro ainda marca sete e cinquenta e seis. Quatro minutos de sono, de sonho. É preciso levantar...água na cafeteira. Não tem pão. Ovos, mexidos. Abro a janela..enfim..sol.Tudo muito comportado em Auschwitz. Ainda. Ainda é cedo. Estão conjugando o verbo, ainda. Numa língua que eles pensam que me enganam. Gabriel, gabriel...senta. copia.pára.sossega.escreve. Tanto verbo, coitado. Gabriel, Gabriel...em todos os tempos...e ele lista os seus verbos do dia-a-dia, no infinitivo...correr, andar, caminhar, falar, gritar, pentelhar - eu pentelho, tu pentelhas, ele pentelha. Sim. É um verbo. Pelo menos para Gabriel - azucrinar, mexer, escrever, desenhar...um infinito de infinitivos. Café tá pronto. O ovo já tá mexido. Banho. Roupa. Mochila. Ônibus.Trabalho.Faculdade.Casa.

Um comentário:

Joana Rabelo disse...

Imagens...
Você escreve e no lugar de palavras vejo pintura.