terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Havia feito sol, e junto uma felicidade estarrecedora tomou conta da minha vida. Iria enfim colocar em prática as tarefas domésticas, tão acanhadas com aquele tempo. Olhei para o espelho e pensei em tirar o encardido do meu corpo, iria para praia e menos amarelo eu desejava ficar! Por ora, pensei no cesto de roupa suja, suja. Era impossível ignorar, e durante semanas era uma tristeza diária. Devia aproveitar o sol, efémero durante o verão. Pensava o quão paradoxo isso seria, mas não iria discutir com a natureza questões que não são relativas a mim. Sabão em pó, cloro, amaciante! Separei o branco e o colorido, as cuecas e as meias. Era hoje que iria superlotar meus dois varais, desses que ficam para a fora da janela e visto de fora a visão é de uma grande bagunça. Mas não importava, eram outros tempos! Comecei tudo muito cedo, peguei o telefone e cancelei os compromissos pela manhã. Perambulava pelos cantos. Além do cesto transbordando, uma ausência dentro de casa me deixava melancólico. Focava naquela presença, naquela roupa suja que tomava conta de quase todo o meu quarto. Focava nisso para não pensar nos sete dias que completavam hoje, que completavam a ausência dele. E nos mais sete dias daqui para frente. Escova, escova, água, sabão, torce, torce. O que ia cozinhar, para um? Água sanitária, gritos, o dedo cortado. Band-aid.Sabão, sabão. De coco, neutro, em pó, uns feitos de gordura animal, pensei nos diversos tipos de sabão. Enxágue. Molho. Lembrei que aquele cotoco na minha mão tinha mais de quatro mil anos e pensei na importância da internet nos dias de hoje. Era por ela, também, que me comunico com ele. Foco, foco. Torcer.Amaciante. Molho. Havia a diferença de fuso horário e ele ainda devia estar dormindo, pensei em ligar, em esperar, em mandar uma mensagem. Tirar do amaciante. Ligo o som, é melhor ouvir uma música qualquer. Tirar o que estava na máquina e estender. Deixo cair um monte de pregador lá em baixo, deixo cair meia. Já perdi toalha, blusa nova. Tudo devidamente pendurado. Nos dois varais da janela. Eram dois senhores varais e coube quase tudo. O cesto ficou vazio, vazio. Estou pegando essa mania de repetir os adjetivos. Comi macarrão! Era o melhor e mais prático para um. O sol continuava lá em cima, tão alto. O céu continuava azul e as nuvens eram remotas. Quando eu chegasse daria fim ao que restou no cesto. Saio de casa com a sensação de dever cumprido! Saio de casa para ficar na história! Não era todo dia que dava conta de tanta roupa suja. De banho tomado, já sossegado com as notícias devidas. Pego o ônibus e ainda no meio do caminho as nuvens começam a esconder o transitório lá no alto, alto... já não se vê mais. Parece que abreviaram o dia e a noite começaria mais cedo. Logo hoje.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010



Imaginava como acordaria todo dia. Naquele buraco, cova, ninho que se transformou o seu lado da cama. Com o sol entrando pelas frestas daquela cortina remendada com grampos...

- Cortinas novas!

Era importante anotar, para mais tarde providenciar.

Com o barulho daquela janela quebrada.

- Você sabe o que acontece quando venta.

E imagina como seria se nada disso fosse como está sendo agora! E como seria com a carrapeta.Não sabia nem que existia uma.O chuveiro continuaria desperdiçando água!Como seria? E sobre Ingres, sobre a metafísica, sobre a sinceridade - sine-cera - sobre alguns pratos já institucionalizados, sobre a cebola e sobre o tomate, e as cervejas importadas que nunca iria tomar,sobre as bobagens na internet que ficaria sem ver, sobre desatar os nós dos cabelos, gastar horas e os dedos em mensagens de texto e sentir prazer nisso... Sobre viver sem compromisso. Sobre felicidade. Sobre a importância de ser do jeito que é e não do jeito que precisa ser, sobre mudar porque sobre a mudança demanda necessidade e não obrigação.Sobre algumas regras da física: desaceleração, movimento... Sobre o espírito. Sobre o material.Sobre as promessas sem promessa nenhuma,sobre ele, e sobre tanta coisa que trazia consigo.

O cesto de roupa estava cheio. Transbordando.

- Precisamos colocar roupa na máquina, porém não tem sabão.

Munido de algumas experiências e habilidades. E prometeu muita coisa que sabia que não ia cumprir, principalmente...especialmente...especificamente na atual circunstância.

- Cautela nunca é demais.

- Cada coisa a seu tempo.

- Falar é prata. Silêncio é ouro.

- Devagar se vai longe.

- Pense duas vezes antes de agir.

Resolveu ignorar toda a sabedoria popular para, afinal ...

- Aprenda todas as regras e transgrida algumas.

E com isso “amor” dizia “ o tempo” engasgava “ o tempo” não queria explicar o que não podia, o que não sabia “ amor, imagina”...

Ele imagina. Ele sabia que ele imaginava.Como seria naquele buraco, cova, ninho que se transformou o seu lado da cama.Com o sol entrando pelas frestas daquela cortina remendada com grampos, com o barulho das crianças da escola ao lado, com o cheiro de comida dos outros apartamentos, com o barulho do rodo batendo na porta - quando o rapaz da faxina lava o corredor ainda cedo – com a música, em coro, que vinha da rua com o pelotão da polícia fazendo exercício pela manhã ( nunca havia visto, somente escutado). Sozinho. Ele já não lembrava mais como era antigamente. Havia tomado conta de tudo. Impregnado toda a sua existência.

sábado, 11 de setembro de 2010

A cachorra é tão pequena, mas precisa gastar pelo menos vinte minutos para secar o pêlo usando esses secadores quase profissionais.
Café bem quente quase na hora do almoço.Pão de sal e requeijão. Nutella e biscoitos cream cracker. *http://pt.wikipedia.org/wiki/Cream_cracker
Roseira podada, plantada pela avó quando ela ainda morava com ele.Agora resta dois cotocos plantados no chão. Resta agora saber se terão coragem de se vestir novamente na primavera. Tudo para o carro novo entrar na garagem.
Camarão para o almoço.
A ferrari já não é a mesma.
Nove anos do 11 de setembro e o alcorão não será queimado por um pastor evangélico americano.
Pesquisa nova para intenção de voto para presidentehttp://oglobo.globo.com/pais/eleicoes2010/mat/2010/09/11/datafolha-escandalo-da-receita-influencia-voto-de-eleitores-da-classe-media-917608032.aspFiuk e sua primeira decepção amorosa: foi o fim do mundo.http://www.youtube.com/watch?v=KqBcVvsbmA0Angelina não tem amigos para conversar. Somente o Brad. Será camarão empanado. Pescado pelo avô.Cielo é ouro.http://www.interney.net/blogs/media/blogs/link-inagaki/cesar-cielo-pequim2008.jpgOlivetto vai virar filmehttp://www.coxacreme.com.br/wp-content/uploads/2007/07/olivetto.jpgJunior é modesto quanto ao que acha sobre pagar micoshttp://terratv.terra.com.br/Noticias/Brasil/4194-321057/Junior-revela-que-sente-vergonha-do-passado-com-Sandy.htmo "Jornal Hoje" tenta ser sério, crítico e rídiculo ao mesmo tempo. Cabral 58%. Gabeira 18%. Saudades dos nózinhos dos cabelos.Hans-Thies Lehmann, o mesmo capítulo.Limpando o quintal, arrancando as ervas daninhashttp://www.plantasonya.com.br/wp-content/img/planta-daninha1.jpgnada de novo emhttp://www.facebook.com/emhttp://www.gmail.com/nada de novo em nenhum domínio.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Quero saber onde foi parar. Tudo que estava aqui, até um tempo atrás. Já procurei por trás de tudo, embaixo de tudo...

behind me,

behind tu.

Today: five de january de 2008. Conto os dias para março chegar.Water de march, and holiday. Mas o mais importante é focar no ponto inicial. Saber onde foi parar aquilo que guardei.Aquilo que estava guardado and roubado, daqui, debaixo do meu nariz. Material bruto, indispensável... tipo water para nossa life.

I need knew new words in english, because…por causa...my…não interessa.É preciso focar,é preciso neo perder mais nada.Onde foi mesmo que eu guardei? Será que perdi, será que fui roubado?

- stolen,

- son of a bitch

- sun on the beach

- little cats, and birds, and wonderful fuck places

Será que está guardado naquele lugar que esqueci the password...

Felline com Caps Lock, sem Caps Lock...

aniverários: minha avó, meu pai, minha irmã...

o nome do cachorro: _cachorro _CACHORRO

O nome de usuário e senha digitados são incorretos.

sábado, 26 de junho de 2010

Ele saiu para comprar pão e deixar todas as expectativas de lado. Sabia o que ia acontecer dali pra frente.Era cedo e ainda não tinha gente na avenida. Preferiu esperar mesmo assim o sinal abrir, para ir naquela padaria longe de casa. E olhava atentamente os azulejos diferentes nas paredes, e pensou em mitologia, em religião, em geometria. E tentava ler de longe a propaganda nova daquela cerveja, adivinhar o número dos ônibus que viravam a esquina, os relógios de rua que marcavam horas diferentes, como se para cada metro existisse um novo fuso horário. Caminhava atentamente com medo de pisar nas formigas que já acordavam dispostas. Já conseguia sentir o cheiro de pão, cheiro de fumaça, e o cheiro de naftalina que vinha do seu corpo. Como se estivesse guardado...e guardado deixaria as suas expectativas. Preferia muita coisa, ao mesmo tempo que não priorizava nada. Pensava que um monte de coisa ia dar certo, mas sempre vinha uma onda...E estava atrás de maré mansa. Sabia o que ia acontecer dali pra frente, mas preferia ignorar...a fim de lidar toda hora com o desconhecido. E iria chorar olhando para o espelho, percebendo os seus olhos ainda mais verdes.E iria pensar em toda a injustiça do mundo. Mas ele tinha um objetivo, e com isso um passo de cada vez. Primeiro o desjejum.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

queria ir remando até chegar em casa.protegendo as luvas, as canelas russas , e os yorkshires de toda a aquela chuva. mas era impossível. o bote remendado de lado, moedas de um centavo...todas para pagar a passagem. papéis molhados.roupas enxarcadas.ônibus enguiçado.resfriado tardio.árvores caídas.tênis furado.guarda-chuva quebrado e luzes que enfeitavam o céu por toda copacabana.