terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Os objetos estão se tornando banais. É preciso,urgentemente, descobrir novas terras. O meu velho mundo tá cansado, precisando de força motora e de botóx. Não quero voltar ao objeto Tempo. Já disse que sou fiel a Caio César. Minha revolta foi em vão. Falhei em todas as minhas tentativas em criar meu próprio calendário, imediatista, cheio de soluções.
O tempo é objeto recorrente. Com ele mordo e assopro, e assim a gente vai levando uma vida cheia de turbulências, calmaria e tempestade.
Dias selvagens. É isso. Quero escrever sobre isso. Quero na verdade um monte de golpes de teatro. Quero para mim uma porção de peripécias. Sou eu meu próprio shakespeare, maneirista, avesso a qualquer regra normativa.
Quero sair da abstração. Basta! E começar, enfim, a escrever meu livro de receitas.
Coloque a quantidade daquilo que quiser, no tabuleiro que quiser. E coloque em fogo alto, em fogueirinha de são joão, tanto faz.
Junta tudo;
Livro de receitas em papel de pão.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Ganhei um caderninho preto sem pauta de verdade.
De papel e tudo!

caderno de anotações - 160 páginas - 14 x 21 cm - pólen 80 g/m² - capa em material sintético.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Paris, 17 de fevereiro de 1903

(...)"Que mais lhe devo dizer? Parece-me que tudo foi acentuado segundo convinha. Afinal de contas, queria apenas sugerir-lhe que se deixasse chegar com discrição e gravidade ao termo de sua evolução. Nada a poderia perturbar mais do que olhar para fora e aguardar de fora respostas a perguntas a que talvez somente seu sentimento mais íntimo possa responder na hora mais silenciosa."(...)

Rainer Maria Rilke
Como aquele grito que se fez ouvir a milhares de quilometros. Milhares de anos luz. Milhares de bairros, e distritos, e cidades e estados...gritos de felicidade, gritos de socorro. Não se faz ouvir. Grita palavras desconexas, grite palavrões feios e bem cabeludos. Grita poesia, grita em outras línguas, em outros dialetos, em linguagem extraterrestre. Mas é como pedra que joga para o alto. É como manteiga que derrete em temperatura ambiente, mas que endurece quando coloca na geladeira. Fica inutilizável a manteiga dentro e fora da geladeira, é difícil encontar um meio termo, ainda mais no Rio de Janeiro, em pleno fevereiro..sem o intuito de descobrir nenhuma rima. Grita alto, grita mais alto. Milhares de quilometros são como muros de Berlim...grite para quebrar os copos, as janelas, os vidros dos carros...como aqueles cantores de ópera que possuem agudos infernais capazes de estourar timpanos. Grite e reze e comungue e dê aleluia ao que não foi executado pelo ser invisível pelo qual pedes tudo quando se encontra em momentos de profunda solidão. Ser invisível, abstrato, que é atenção de tanta coisa também abstrata que rogamos, que solicitamos com a maior fé e que depois é diluida com as decepções.Grite, grite mais alto, até esgarçar as cordas vocais, até sair um grito seco, calado, um resquício de grito, um grito fino que vai acabando, que vai sumindo...mas grite. Quem irá ouvir, atender, fazer o pedido pelo seu grito? Grite para tudo, mesmo que para o inomimável... Seu grito irá percorrer por fios, de uma extremidade a outra da Terra, dessa imensa terra cercada percorrida por muitos outros gritos. È com extrema alegria que meu grito ainda sai de minha garganta rouca. Quem sou eu? Me pergunta de volta um grito vindo de longe, tão longe que só chegou agora, mil e oitocentos dias depois: quem sou eu? Tudo que vejo, toco, ouço, sinto o gosto e, principalmente, tudo aquilo que é captado pelo meu olfato... Sim, sou capaz de voltar ao tempo, sou capaz de voltar em outras encarnações. Cheiro de felicidade que toma conta dos dias. Cheiro de pão da padaria, cheiro de chuva no asfalto quente, cheiro de maresia que entra pela janela. E com isso escuto muitos gritos, de minha pessoa em outras vidas. De padre e freira, de moça virgem e poeta, de revolucionário e anarquista. E eu continuo gritando, para derrubar todos os muros de Berlim, para derrubar todas as muralhas da China, para , no futuro, eu ouvir a minha voz que ainda não está moldada, nem em vagabundo, em nada, ainda.
Decidi postar coisas antigas do meu outro blog. Não significa que eu não tenha nada a dizer.
Resta muito a dizer.
Apenas
gosto de ver se ainda sou eu.
E sou!
Colocaria mais algumas vírgulas. Colocaria mais exclamações!
Mas ainda sou eu!
Rabiscar. Eita verbo bom. Rabiscar paredes, chão, se possível o teto também. Lembrar de quando era criança; Rabiscar o corpo, com canetinha. Desenhar relógios no pulso. Passar cola na mão e escrever seu nome: NOME Desenhar unhas de vampiro, recortar do papel e colar. Ora, nas unhas, onde mais? Rabiscar, primeiro. Depois desenhar, depois nomear. Depois escrever... Na parede. Com giz. No chão. No corpo, com canetinha, primeiro. Na adolescência, com henna. Depois com tinta, furando a pele. Rabiscando o corpo, escrevendo para sempre. Sem nunca poder apagar.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

No momento estou impossibilitado de escrever...
Qualquer coisa que seja.
Me falta memória.
Recorro ao retrato do artista quando jovem.Afim de... a fim de...por fins, afins!


Estou sem internet e agora estou num lugar qualquer,
que não seja minha cama, meu computador e o calor do meu quarto!


domingo, 11 de janeiro de 2009

La mia prima visita in Italia fu per me una rivelazione

Meus poucos leitores aflitos clamam por atualizações. Então tá! Mas é preciso ser rápido, por ora. Daqui a pouco tenho um jantar na casa de uma amiga, e prometi levar o pesto! No final, afinal, é a única coisa que sei fazer que acho que dá certo.
Faz tanto tempo que não escrevo nada que nem sei se ainda domino a língua portuguesa. Ainda mais agora com essas mudanças drásticas na nossa ortografia. Me esqueci dos acentos, dos agudos, dos cincunflexos. Nunca usei trema e só agora descobri que ela, de fato, existe. E não existe mais. Coitada da trema, excluída para sempre em terreno em que sempre fora esquecida.
Pois bem, ora pois! Vim para dizer algo, mesmo breve. Gosto de cheiros que me lembram coisa, que me levam de volta ao passado, e estava com isso pensando em revelações, sejam elas coisas pequenas do dia a dia ( com hífen ou sem hífen?), sejam coisas que mudam radicalmente com a sua vida. Me lembrei de um frase de Victor Hugo e pensei de fato na minha própria revelação. No meu blog antigo eu havia escrito: "escrevo tudo que um dia eu posso esquecer". Isso seria meu caderninho preto sem pauta, que me acompanha, que é meu rascunho diário para tudo que penso, para todas as minhas revelações, que podem ser óbvias e complexas. Afinal, revelações são pessoais, e o óbvio nunca será tão óbvio para o revelado.
Fu per me una rivelazione. E sinto o cheiro até hoje, que me leva de volta, que me perde no meio da chuva e do frio, que me faz lembrar que cada dia, de fato, é um outro dia! Quando retornei sabia que nada mais seria como era antes!