terça-feira, 17 de fevereiro de 2009


A Cantora antropomórfica

Personagem - Ela


Você sabia que eu te perguntaria isso um dia. E você? Não ficou calado, por que? Você sabia o que eu queria ouvir e agora eu ouvi o que não queria. Você ainda encontra ele? Fala com ele? Soube que vocês se telefonam, almoçam juntos...Ahhhh...
isso é um absurdo. O que preciso marcar no meu corpo para chamar a sua atenção? Mas antes um pouquinho daquele remédio que faz a gente não sentir dor. Detesto sentir. Dor. Claro. Mas, sim. Vou marcar meu corpo, depois vou gritar na rua o seu nome. Sim, eu sou maluca. Vai dizer que você nunca soube disso? Depois vou mandar alguém de dar um baita susto na rua, quando eu pegar você e ele naquela esquina suspeita. Sim, eu sou capaz de qualquer coisa. Você não lembra aquela vez que coloquei cabelo no prato do restaurante. E daquela outra que simulei um desmaio para que a velhinha me cedesse o lugar dela no ônibus. Sim, você lembra. Você riu comigo. A gente riu muito. Mas nada comparado as doideras que sou capaz de fazer por você. Você deve achar que eu sou doida. Bipolar. Não, eu não. Doida, eu? Sim...dá cabeça. Ombros. Joelho e Pé. Então, como fica a situação? Se eu fosse esperta eu ia engravidar de você. Ia te prender para o todo e sempre. Mas hoje filho não prende ninguém. Vejo mamãe. Vejo papai. Depois o filho não serve pra nada, já que pro objetivo inicial ele nem serviu. Você sabia que eu ia te perguntar. Por que respondeu? Era preciso fica calado como você faz na maioria das vezes. Diz que eu sou doida e que eu estou inventando coisa. Sim. Eu iria acreditar fielmente.Sim.Eu sou doida e estou inventando coisa. Sim. Continuaria feliz sem ter certeza de nada. Não existe um ditado assim..deixa eu me lembrar...algo com olhos, coração, olhos, coisas que você não sente. Eu tô presa aqui dentro desse áquario gigante. Essas paredes são brancas, tudo é branco. Daqui a pouco vai descer fumacinha do teto. Eu volto a apagar. Eles entram, me dão remédios. Me dão a vacina da sanidade pura. Depois eu acordo e tudo é novidade.

4 comentários:

Anônimo disse...

Nossa, Jonas. Adorei!
Começando pela ilustração, um baque, a compartimentação da mulher, uma boa visão de Dali. Se alguém me visse assim, compartimentada, não sei se ficaria feliz ou triste.
Agora... esse texto seu que não dá vontade de parar de ler e dá pena quando acaba. um gosto incrível de "quero mais disso, por favor, por favor.". Amei mesmo. bjs

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Joana Rabelo disse...

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Quero um monólgo.

Rafael R. V. Silva. disse...

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