Existe um ditado popular que diz que para conhecer uma pessoa é preciso comer um pacote inteiro de sal.
Sei que no dia que o meu primeiro pacote acabou...outras coisas também acabaram.
Sei que agora comprei um pacote novinho.
E ele está apenas começando!
domingo, 22 de fevereiro de 2009
A cantora antropomórfica
Personagem : Ela: >>>>>>>>>>
Mas que raiva. Faço de tudo para criar os melhores momentos, as melhores respostas, afiadas na ponta da minha língua, e....chega na hora....não sou ninguém. Que piada sem graça fui dizer agora...Meu Deus, me belisca..me belisca para eu ter a certeza que essa asneira não tá saindo da minha boca. Vai, apaga...apaga....passa aquele corretivo por cima..Bendito Barthes, maldito Roland....minha língua cheia de ruídos...eu balbucio. Roland, rolandzinho...Devolva-me todo o meu rumor..quero rumorejar como fazia antigamente....
Mas que raiva. Pensei em tudo com bastante antecedência. Ensaiei, gravei, anotei...decorei até em russo o versinho, a fim de, afins..é..é..por fim...afim de você,sem fim,de gravar meu amor por ti, mesmo nessa língua meio rude e aspera. No fim, esqueço que passei as manhãs,as tardes e as noites dos outros dias inúteis que precedem esse aqui, esse dia aqui...essa hora agora, 15:34, que estou aqui...com o texto marcadinho, colocando toda a minha respiração no diafragma. Tenho meu texto ensaiado comigo, olhando no espelho, no banho, no toilet do cinema..em todas as horas vagas, e olha que não faltam horas vagas para você.
(ELA PUXA UM LENÇO DE PAPEL E ASSOA O NARIZ)
Veja só, é ranho....ando muito gripada..Mudança de tempo é assim...Meu Deus! Não acredito que fiz isso. Estupida, estupida...Preparo todo um psicodrama pra conseguir chegar ao meu personagem..respiração...si fu shi pá...si fu shi pá...relaxa, relaxa...nem tudo está perdido. Talvez na viagem narcísica dele ele nem tenha percebido. O que é um ranho, um simples ranhinho, amarelinho no lenço de papel...Si fu shi pá...si fu shi pá...Estou bem melhor..vou começar do começo. É preciso chegar ao ponto...se eu conseguir chegar ao segundo ato, a coisa ganha uma engrenagem...se eu conseguir chegar naquele momento, naquela cena que ensaiei em casa...(RISOS) Aquela parte é divertidíssima...um verdadeiro golpe de teatro...minha mise-em-scene será perfeita. É um momento divino, será a minha glória. Se eu conseguir chegar ao eixo central de minha peça eu consigo fazer com que ele coma na minha mão...(RISOS) Mas...mas antes...mas antes é preciso que eu abra as cortinas...que eu acenda a luz..nem que seja um refletorzinho só, iluminando minha boca,para eu conseguir dizer tudo que ensaiei....se não tiver luz não tem problema...pode ser no escuro, aí sim terei que mostrar todo meu potencial atoral.....mas...mas...se não der para abrir a cortina toda também não tem problema..abre só uma brechinha..assim, de nadinha..de forma que eu consiga chegar o meu braço até seu pescoço, na cena que ele olha para o lago, se encanta com seu encanto – afinal, quem não ia se encantar – e salvar ele de morrer afogado por causa de sua beleza.
Mas que raiva. Eu não consigo. Maldito Barthes, me devolva o funcionamento perfeito da minha língua. Que eu consiga falar tudo que está engasgado aqui, na minha garganta, e não dê nem um sambinha..Mas que raiva. Por que perto dele pareço ser uma total idiota?
Mas que raiva. Faço de tudo para criar os melhores momentos, as melhores respostas, afiadas na ponta da minha língua, e....chega na hora....não sou ninguém. Que piada sem graça fui dizer agora...Meu Deus, me belisca..me belisca para eu ter a certeza que essa asneira não tá saindo da minha boca. Vai, apaga...apaga....passa aquele corretivo por cima..Bendito Barthes, maldito Roland....minha língua cheia de ruídos...eu balbucio. Roland, rolandzinho...Devolva-me todo o meu rumor..quero rumorejar como fazia antigamente....
Mas que raiva. Pensei em tudo com bastante antecedência. Ensaiei, gravei, anotei...decorei até em russo o versinho, a fim de, afins..é..é..por fim...afim de você,sem fim,de gravar meu amor por ti, mesmo nessa língua meio rude e aspera. No fim, esqueço que passei as manhãs,as tardes e as noites dos outros dias inúteis que precedem esse aqui, esse dia aqui...essa hora agora, 15:34, que estou aqui...com o texto marcadinho, colocando toda a minha respiração no diafragma. Tenho meu texto ensaiado comigo, olhando no espelho, no banho, no toilet do cinema..em todas as horas vagas, e olha que não faltam horas vagas para você.
(ELA PUXA UM LENÇO DE PAPEL E ASSOA O NARIZ)
Veja só, é ranho....ando muito gripada..Mudança de tempo é assim...Meu Deus! Não acredito que fiz isso. Estupida, estupida...Preparo todo um psicodrama pra conseguir chegar ao meu personagem..respiração...si fu shi pá...si fu shi pá...relaxa, relaxa...nem tudo está perdido. Talvez na viagem narcísica dele ele nem tenha percebido. O que é um ranho, um simples ranhinho, amarelinho no lenço de papel...Si fu shi pá...si fu shi pá...Estou bem melhor..vou começar do começo. É preciso chegar ao ponto...se eu conseguir chegar ao segundo ato, a coisa ganha uma engrenagem...se eu conseguir chegar naquele momento, naquela cena que ensaiei em casa...(RISOS) Aquela parte é divertidíssima...um verdadeiro golpe de teatro...minha mise-em-scene será perfeita. É um momento divino, será a minha glória. Se eu conseguir chegar ao eixo central de minha peça eu consigo fazer com que ele coma na minha mão...(RISOS) Mas...mas antes...mas antes é preciso que eu abra as cortinas...que eu acenda a luz..nem que seja um refletorzinho só, iluminando minha boca,para eu conseguir dizer tudo que ensaiei....se não tiver luz não tem problema...pode ser no escuro, aí sim terei que mostrar todo meu potencial atoral.....mas...mas...se não der para abrir a cortina toda também não tem problema..abre só uma brechinha..assim, de nadinha..de forma que eu consiga chegar o meu braço até seu pescoço, na cena que ele olha para o lago, se encanta com seu encanto – afinal, quem não ia se encantar – e salvar ele de morrer afogado por causa de sua beleza.
Mas que raiva. Eu não consigo. Maldito Barthes, me devolva o funcionamento perfeito da minha língua. Que eu consiga falar tudo que está engasgado aqui, na minha garganta, e não dê nem um sambinha..Mas que raiva. Por que perto dele pareço ser uma total idiota?
A cantora antropomórfica
Personagem: Ela
Diz pra mim que você irá fazer tudo aquilo que te pedi. Que te peço todos os dias. Você me responde que é preciso preparar as coisas e eu te pergunto "por que?", " o que?". Você responde utilizando metáforas culinárias, dizendo que é preciso ter paciência para cozinhar o feijão em panela de pressão, e a minha mente demoníaca viaja para bem longe, e começa a pensar que eu, junto com ela, está dentro dessa panela, fervendo aos poquinhos. Minha mente envenenada. Depois tudo se esvai com seu carinho e afeição, até ela ir longe novamente e começar a pensar demais.
Quero ser objetivo, caso contrário ficarei sempre a mercê de minha mente, autônoma, cruel.
Personagem: Ela
Diz pra mim que você irá fazer tudo aquilo que te pedi. Que te peço todos os dias. Você me responde que é preciso preparar as coisas e eu te pergunto "por que?", " o que?". Você responde utilizando metáforas culinárias, dizendo que é preciso ter paciência para cozinhar o feijão em panela de pressão, e a minha mente demoníaca viaja para bem longe, e começa a pensar que eu, junto com ela, está dentro dessa panela, fervendo aos poquinhos. Minha mente envenenada. Depois tudo se esvai com seu carinho e afeição, até ela ir longe novamente e começar a pensar demais.
Quero ser objetivo, caso contrário ficarei sempre a mercê de minha mente, autônoma, cruel.
terça-feira, 17 de fevereiro de 2009
A Cantora antropomórfica
Personagem - Ela
Personagem - Ela
Você sabia que eu te perguntaria isso um dia. E você? Não ficou calado, por que? Você sabia o que eu queria ouvir e agora eu ouvi o que não queria. Você ainda encontra ele? Fala com ele? Soube que vocês se telefonam, almoçam juntos...Ahhhh...
isso é um absurdo. O que preciso marcar no meu corpo para chamar a sua atenção? Mas antes um pouquinho daquele remédio que faz a gente não sentir dor. Detesto sentir. Dor. Claro. Mas, sim. Vou marcar meu corpo, depois vou gritar na rua o seu nome. Sim, eu sou maluca. Vai dizer que você nunca soube disso? Depois vou mandar alguém de dar um baita susto na rua, quando eu pegar você e ele naquela esquina suspeita. Sim, eu sou capaz de qualquer coisa. Você não lembra aquela vez que coloquei cabelo no prato do restaurante. E daquela outra que simulei um desmaio para que a velhinha me cedesse o lugar dela no ônibus. Sim, você lembra. Você riu comigo. A gente riu muito. Mas nada comparado as doideras que sou capaz de fazer por você. Você deve achar que eu sou doida. Bipolar. Não, eu não. Doida, eu? Sim...dá cabeça. Ombros. Joelho e Pé. Então, como fica a situação? Se eu fosse esperta eu ia engravidar de você. Ia te prender para o todo e sempre. Mas hoje filho não prende ninguém. Vejo mamãe. Vejo papai. Depois o filho não serve pra nada, já que pro objetivo inicial ele nem serviu. Você sabia que eu ia te perguntar. Por que respondeu? Era preciso fica calado como você faz na maioria das vezes. Diz que eu sou doida e que eu estou inventando coisa. Sim. Eu iria acreditar fielmente.Sim.Eu sou doida e estou inventando coisa. Sim. Continuaria feliz sem ter certeza de nada. Não existe um ditado assim..deixa eu me lembrar...algo com olhos, coração, olhos, coisas que você não sente. Eu tô presa aqui dentro desse áquario gigante. Essas paredes são brancas, tudo é branco. Daqui a pouco vai descer fumacinha do teto. Eu volto a apagar. Eles entram, me dão remédios. Me dão a vacina da sanidade pura. Depois eu acordo e tudo é novidade.
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