quinta-feira, 21 de maio de 2009

“...O senhor é tão moço, tão aquém de todo começar, que lhe rogo, como melhor posso, ter paciência com tudo, tudo o que há para resolver em seu coração e procurar amar as próprias perguntas como quartos fechados ou livros escritos num idioma estrangeiro. Não busque por enquanto respostas que não lhe podem ser dadas, porque não as poderia viver. Pois trata-se precisamente de viver tudo. Viva por enquanto as perguntas. Talvez depois, aos poucos, sem que o perceba, num dia longíguo, consiga viver a resposta....”

Gelei. Parei nesse trecho do Rilke... Paciência...palavrinha cruel, que não nos dá certeza de nada, mas ao mesmo tempo ferramenta para a sabedoria. (Nunca poderia escrever como esse cara.)
Constumava dizer que precisava de um Sigmund de bolso, mas depois percebi que para ele tudo se encaixava num mesmo balaio, que tudo se justifica por uma patologia e que tudo vem na verdade de um verdadeiro complexo de Édipo. Como se não bastasse o coitado ter furado os próprios olhos como forma de punição.
Acredito que ter um Rilke é muito mais completo e mais pessoal. Muito menos analítico e mais vida. O meu Rilke de bolso precisa de poucas palavras, e com isso me apresenta toda a sua dialética. Meu Rilke de bolso é doce e sempre fala no diminutivo, dando ainda mais a sua impressão pessoal com todo o seu carinho. Diz sempre assim... “neguinho”...quando começa falando alguma coisa comigo. É um ser atemporal, é um ser avant garde e que possui muito ensinamento. Mas aquele ensinamento que não é moralizante, mas que conforta e que repousa a dúvida e que permite outros sentidos. Meu Rilke no papel morreu em 1926 e escreveu tudo aquilo que sempre quis escrever, que sempre quis seguir dentro de minha profissão, ou dentro de uma futura pretensão profissional. Meu Rilke de bolso é a alma simplificada do autor, que me diz no pé do ouvido a importância da vida, de todos os seus gêneros de todas as suas especificidades. O nosso to be or not to be está no nosso âmago, já dizia Rilke a Franz. O meu de bolso faz eu perceber que âmago é esse, que centro é esse. Não é o centro de qualquer coisa, de uma melancia cheia de caroço, por exemplo. Meu Rilke de bolso eu posso pensar em emprestar. Seus termos: “amore”, “querido”, “neguinho”... não. Descubra a sua própria nomenclatura.
Mas voltando a palavra que gela: Paciência. Espero conseguir chegar a esse grau de sabedoria. Enquanto isso vou tentando descobrir o meu centro, o que tem por dentro da laranja. Preciso chamar meu Rilke de bolso. É só esfregar a lâmpada, onde ele dorme.Mas com ele os pedidos são ilimitados, graças a Deus!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

para Joana Rafael

enquanto desejo que o novo dia chegue vejo o relógio verde na parede marcar horas inexistentes relógio que marca um tempo que não existe e com isso meu dia ganha dimensões irreais e então retorno ao Forster e retorno ao Mozart e retorno ao Stravinsky vistei Stravinsky em seu túmulo frio em S.Michele perto de Murano pegando um vaporetto em Fondamenta Nuove junto com Phill coleguinha inglês veneziano de cinco dias tento me ocupar com coisas reais hoje tomei café três vezes sem contar de manhã cedo antes de sair de casa três cafés em lugares diferentes sendo que um foi cappucciono sendo que dá quase a mesma coisa visitei amiga em Ipanema e tratei de velhos temas caidos e foi quando disse que águas passadas não movem moinhos falei se tratando de um velho clichê que se faz presente afinal velhos clichês só são velhos clichês porque falam o que de certa forma esta instrínseco depois tomei café com pão lanche em casa de grande amiga em botafogo também tratando de velhos temas a fim de superá-los reafirmá-los e depois em casa de vizinha cumadre tratando de temas futuros de seu casamento preciso pensar no meu terno pois quero estar bonito pra chorar lá em cima do palco sim um palco onde se realiza o ritual em que sempre choro sábado no casamento de outra amiga era o único homem chorando na igreja ora pois ora sim choro sim por que não acabo de me lembrar que preciso colocar os ácidos no rosto remédio receitado controlado preciso lembrar de tirar de manhã senão mancha a pele comi pão com queijo e me queixei no msn com um outro amigo novo amigo que já considero grande precisava ler Koltès para a aula de amanha mas irei ficar na solidão dos campos de algodão amanhã levanto cedo para trabalhar depois tenho aula depois tenho reunião com Koltès depois deve ter cervejinha o que se torna um alívio grande alívio cômico onde reunimos toda a catarse acumulada preciso recuperar o tempo perdido com isso fico sem respirar também quero esperar o grande dia que qualquer Deus irá fazer com que tudo caia por terra e faça descobrir que o meu dia é igual a de qualquer outro e que não há nada de errado com a marcação das minhas horas que tudo na vida é passageiro que pau que nasce torto nunca se direita que água mole em pedra dura no meu caso tanto bate até não fura que a dor é inevitável que o sofrimento é opcional que não adianta esperar nenhum Godot por que ele não existe qualquer Deus que faça perceber que antes tarde do que nunca que antes que o mal cresça corta-lhe a cabeça que a palavra é de prata que o silêncio é de ouro que contra fatos não há argumentos que com o tempo tudo se cura que devagar se vai longe e que ele Deus qualquer escreve certo em linhas tortas

segunda-feira, 18 de maio de 2009

É preciso colocar um ponto final nisso!
Essa cantora já está rouca.

Como se não bastassem as noites, os meus dias...todos os segundos, minutos....Horas!
É preciso colocar um ponto final nisso!
Nem que para isso seja preciso quebrar todos os copos, riscar todas as paredes, marcar todo o meu corpo...
É preciso tanta coisa.
primeiro: aterrar o abismo entre a prática e a teoria...

terça-feira, 12 de maio de 2009

Tratando de coisas sem importância. Enquanto ainda tenho tempo sobrando. Falta pouco, mas ainda tenho tempo. São horas suspensas. O que existe é o antes e o depois. Esse tempo de agora é transitório, onde me preocupo em demasia, me tensiono e vivo com dores nas costas. Esse meiozinho de tempo, onde vivo com mais responsabilidade. Toda hora vejo o relógio verde na parede! Penso em diversas coisas, mas nada muito novo. Qualquer dia desses descubro uma nova formula matemática em meio à tanta coisa, tanto tempo parado.
Olho o relógio verde!
E é você que alimenta meu tempo perdido.
Eu brigo com você o tempo todo. A gente se implica, se irrita. Cada um a sua maneira. Cada hora um é vítima, cada hora um é algoz. Mas não consigo viver sem você. Queria implicar menos. Queria me irritar menos. Penso que é impossível
viver em condição diferente. Faz parte da nossa natureza, cobrando atenção dessa forma.
Não consigo imaginar nada de outra forma. Não consigo imaginar um dia diferente. Talvez por isso, na sua ausência eu demore tanto tempo para dormir, pensando em muita coisa que está fora da nossa verdadeira forma.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Fragmentos de um discurso amoroso

Título:
Direção:
Dramaturgia:
Elenco:

Baseado em fatos reais, que aconteceram de verdade.

Ou será que não?

Memórias de guerra!
Memória, fato, invenção!


Hoje eu estava pensando em mudanças. Dessas que acontecem nas nossas vidas, à medida que a gente cresce. Pensei na minha grande mudança. De pensamento, de postura. Que de fato aconteceu há pouco tempo. Coisa de um ano para cá. Na verdade uma primeira etapa dessa mudança se deu entre meus 20 e 21 anos. Não digo que eu era imaturo antes disso. Na verdade eu sempre fui muito maduro, durante toda a minha vida. Hoje sei que não vou conseguir dormir direito. Pensei em ler um pouco, ver o filme do Truffaut, mas resolvi escrever um pouco aqui. Tenho medo de mudanças. Sempre tive. E agora eu temo ainda mais.
Tô com medo da sua grande mudança. Dos seus vinte e poucos anos que estão por vir. Tô com medo de te perder, em meio a tanta bobagem que a gente implica com o outro. Mutuamente. Se eu encarasse a mudança como algo essencial, primordial, acredito que toda essa insegurança não aconteceria.
Mas mudar é um fato. Mesmo eu não encarando, eu no fundo acredito sim na importância desse fato.
Estou escrevendo isso no meu caderninho preto para deixar registrado essa minha revelação que começa a se revelar. Tudo vai começar a se iluminar a partir de então. Espero.
Espero que as suas mudanças nos seus vinte e poucos anos te tragam muita iluminação. Espero estar perto e acompanhar essas mudanças. Espero que você não perceba que eu posso não fazer parte delas. Espero que eu faça. Mesmo.Espero ser, de fato, a sua revelação. Na verdade nós nos revelamos juntos. A cada dia, cada segundo. E a gente cresce , e fica deste TAMANHO...
Revelar-se.
No final a gente descobre que tudo está em mudar.

Ser mais e menos muita coisa, a fim de nos revelarmos cada vez mais.
O mais importante: amar e conseguir mostrar isso.
Compartilhar emoções, sentimentos..vida!

Hoje aprendi muita coisa. Algo sobre ditongo crescente, vogais e semi-vogais
Eu te explico!